"PROFESSORAS"
IPATINGA - O primeiro habitante de Coronel Fabriciano foi Francisco Rodrigues Franco – chegou em 1800. João Teixeira Benevides deu o nome de Calado ao lugar; em 1919 trouxe de Ferros a Professora Maria de Lourdes de Jesus para Santo Antonio do Gambá, e doou terrenos para uma escola, a igreja e o cemitério – hoje o Distrito de Melo Vianna.
Quando se fundou a escola no Calado, hoje Coronel Fabriciano, nomeou-se a professora. formada, Dona Mariana, mas estava ela nos últimos dias da gravidez de um de seus filhos. Durante algum tempo mamãe substituiu a Dona Mariana, sendo assim a primeira professora a dar aulas no Calado.
Quando eu cursava o segundo ano no grupo escolar de Fabriciano, minha professora era exatamente a Dona Maria de Lourdes de Jesus, uma fera magricela e velha, mas de eficiência e dedicação extremas. Morava no Melo Vianna, uns três quilômetros de estrada lamacenta o ano inteiro – numa baixada de charco, hoje uma bela avenida e praticamente o melhor comércio de Fabriciano: Avenida Magalhães Pinto. Paralelamente à estrada, cercas de arame farpado. Em cima de uma delas, passavam os fios elétricos vindos da usina da Belgo Mineira, instalada pouco acima de Melo Vianna, no Caladão. Devido às ventanias, de quando em vez os fios, rígidos, arrebentavam e caíam na cerca. Desviando-se das poças d’água e lama, e encostando-se na cerca, tomava-se um tremendo choque, e, muitíssimas vezes morreram pessoas nesse lugar. O ribeirão que servia a usina e passava na região era limpíssimo, e por isso havia inúmeras lavadeiras no Melo Vianna e arredores – ainda me lembro que três delas faleceram ao tomarem choque na tal cerca. Interessante que não se tomavam providências para sanar essa catástrofe. Quem reclamaria da Belgo Mineira?... Belgo, a imperatriz da região!
Apesar do lugarejo, Calado, com ruas sem calçamento e cobertas de terra, lama e capim ou mato, Dona Maria de Lourdes recomendava aos alunos pedir a seus pais para limpar as frentes de suas casas. De quando em vez, tirava os alunos da sala e visitávamos algumas casas – as sujas, seus donos se envergonhavam perante os alunos. Hoje, as professoras seriam processadas – e os alunos ficam com essa educação que a gente tanto lamenta, além de não receberem limites dos pais... E muito menos das professoras!... coitadas, nada podem fazer...
Para manter limpas as paredes e muros da escola e da cidade, a professora citava em francês: Mur papier de la canaille! - O muro é o papel dos moleques, traduzia ela. E vejam que ainda nem se pensavam nos pichadores dos tempos de agora!
Admiro-a até hoje!
(Benedito Celso A. Franco)
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