TIRO PELA CULATRA
Neste mesmo período, o governador do Rio de Janeiro, Carlos Lacerda, também filiado à UDN e com sérias intenções de concorrer à presidência da República, recebeu uma homenagem da Acesita no distrito de Timóteo. "É que a sede da Acesita ficava no Rio de Janeiro, e com a implantação de uma fábrica em Minas Gerais, a homenagem ao governador foi realizada na nova unidade" esclarece Walter. Carlos Lacerda foi recebido com festejos pelo prefeito de Coronel Fabriciano, Cyro Cotta. E apesar dos tempos remotos, a solenidade contou com a cobertura da imprensa. "Algum tempo depois, vi em um jornal uma foto do Cyro Cotta ao lado do Carlos Lacerda neste evento. Pensei, então que ali poderia estar a solução para a emancipação dos municípios", conta o pioneiro. Walter reuniu novamente os membros da Comissão Pró-Emancipação, e acompanhado de Elias Correa, Jazi Lacerda e Manoel Simão, executaram uma idéia simples: foram até o governador Magalhães Pinto e mostraram a ele a tal foto do jornal. "E dissemos: veja bem, governador, quem o prefeito de Coronel Fabriciano vai apoiar nas próximas eleições para presidente", resgata Walter. A reação de Magalhães Pinto foi um "tapa de luva" em Cyro Cotta. Em 7 de janeiro de 1963, o governador mineiro enviou uma carta às Comissões Pró-Emancipação de Ipatinga e Timóteo reconsiderando o veto. "Na próxima divisão administrativa, a realizarse neste ano, verei, entretanto, com simpatia, reabrir-se a questão. O exame poderá fazer-se mais acuradamente, através de órgãos especializados, à vista de novos processos de emancipação, melhor instruídos com elementos concretos e dados globais e técnicos que visem a dar solução aos problemas apresentados, maiores e mais graves, sem dúvida quando se originam de aglomerados humanos em torno de indústrias básicas, em que têm Minas e o Brasil instrumento de suma importância, na caminhada para a conquista de melhores dias", escreveu Magalhães Pinto.
MAIS UMA JOGADA
Depois de receber a carta do governador, a Comissão Pró-Emancipação de Ipatinga ainda convidou o secretário de Magalhães Pinto, José Carlos Cabral Linhares, para conhecer pessoalmente um dos distritos que pleiteavam a emancipação. "Organizamos uma festa de rua para ele. Montamos um palanque e ao recebê-lo, anunciamos José Carlos como futuro candidato a deputado e convidamos as pessoas a aplaudilo, para massagear seu ego antes de qualquer conversa sobre a emancipação", recorda Walter, que ainda levou o Secretário do governador para fazer um passeio por ipatinga. Em 10 de junho de 1963, José Carlos redigiu um extenso documento, endereçado ao governador, com a descrição detalhada da situação do distrito. "Ipatinga não tem rede d água e esgoto (...) É uma verdadeira calamidade, foco em potencial, de um surto epidêmico. Apenas o bairro Cariru, onde, em sendo emancipado o Distrito, dever-se-ão localizar os órgãos dos poderes municipais, apresenta melhores condições, com rede de água e esgoto. Mas, devemos observar, construída pela Usiminas (...)". descreveu José Carlos. Ele ainda observou que o distrito, sem calçamento, era só poeira. "Ipatinga não tem calçamento. Suas vias públicas apresentam uns 10 centímetros de poeira", escreveu o secretário. José Carlos apontou ainda, em seu documento, problemas como falta de energia elétrica, de policiamento, de índices de crime assustadores, a ausência de um posto de saúde e que Coronel Fabriciano não apresentava condições de solucionar os problemas de Ipatinga, apesar da boa vontade do prefeito Cyro Cotta. "Face ao exposto opinamos pelo deferimento do pedido, pois a emancipação de Ipatinga é necessária, recomendável e inadiável, como condição imprescindível ao seu desenvolvimento e à solução de seus angustiantes problemas" finalizou José Carlos. "Acho que devemos as emancipações muito mais a este secretário do que ao próprio governador", brinca Walter.
Publicado: Diário do Aço Especial - Abril de 2009
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