IPATINGA - Canções que ajudaram a construir a história dos festivais no Brasil e a projetar o Vale do Aço na era do ouro desses concursos. As composições dos irmãos Pascoal fizeram história nos festivais de música do Leste de Minas, nos anos 70. O talento da dupla foi revelado despretensiosamente, na década anterior. Na época, a diversão em Ipatinga se resumia ao cinema no Cine São José e Cine Ipanema. Diante da falta de opções culturais, Arcanjo Pascoal e Paulinho Pascoal resolveram fundar um Grupo de Jovens para falar sobre religião, política e cultura. Daí nasceu o programa de auditório ARC Show, produzido e apresentado no Cinema Ipanema, por Arcanjo Pascoal.

Para divulgar as reuniões, festas e notícias eles criaram o jornal “O Catimbeiro”, que circulou por quase três anos. A partir de 1969 eles iniciaram intensas participações em festivais de música, sempre aclamados por onde passavam. A maratona durou até meados dos anos 80, quando os festivais foram saindo de cena aos poucos. Depois, a dupla se dedicou a compor e se apresentar em shows beneficentes na região.

FESTIVAIS DE IPATINGA

Na década de 1960, era no Centro da cidade que residia a maioria dos pioneiros. A vida sociocultural resumia-se a raros bailes, horas dançantes nas residências, sessões de cinema no Cine São José e, posteriormente, no Cine Ipanema.

Percebendo a falta de opções culturais na cidade, Arcanjo Pascoal e um grupo de amigos fundaram o "Grupo de Jovens", com a proposta de reflexões sobre religião, política e cultura. Desse movimento nasceu o ARC Show, programa de auditório que visava o entrosamento dos jovens do Centro da cidade e bairros vizinhos. Sempre aos domingos, no Cine Ipanema, o ARC Show era produzido, dirigido e apresentado por Arcanjo, com o apoio de vários amigos.

Para divulgar as reuniões do grupo, eram promovidas festas, shows e veiculadas notícias da comunidade. Para incentivar a arte, Carlos Roberto da Silva (Kalu) e Reuber Sales Bicalho criaram um periódico mimeografado, "O Catimbeiro", que circulou durante três anos.

Aquele ambiente inspirou os irmãos Pascoal (Arcanjo e Paulinho) a investirem na composição de músicas que retratavam os sentimentos da juventude da época. A dupla foi incentivada a participar de festivais.

Assim, em 1969, inscreveram as músicas "Rosa", "Caminheiro" e "Lucy" no 1º Festival de Música de Caratinga, conquistando com "Rosa" o segundo lugar.

Logo depois, realizou-se o 1º Fecapi – Festival da Canção Popular de Ipatinga –, com apoio da Prefeitura Municipal, Usiminas e várias outras empresas. Houve mais de cem músicas inscritas. Os irmãos classificaram "Mundo de Doidos" em segundo lugar. Arcanjo recebeu ainda o troféu de melhor intérprete. O júri tinha um convidado já famoso na época, Carlos Imperial. Filmado pela antiga TV Itacolomi, o festival foi amplamente divulgado no Estado de Minas Gerais.

Em setembro de 1971, no II Fecapi, Arcanjo e Paulo Pascoal classificaram "Zeca" em primeiro lugar. Arcanjo recebeu novamente o troféu de melhor intérprete. No júri, entre outros, o inesquecível Zé Kéti. Ainda em 1971, Arcanjo e Paulinho levaram "Voz do povo, voz de Deus", "Vento no coqueiro" e "Viver, viver, viver" ao III Festival de Música de Caratinga.

Em 1972, o programa de auditório passou a se chamar "Raulcanjo Show", sob a direção de Arcanjo e do maestro Raulino Santos, e também marcou a história de Ipatinga com uma série de gincanas envolvendo bairros e escolas, desenvolvendo o espírito de amizade, solidariedade e liderança, nos moldes do programa televisivo "Mineiros Frente a Frente".

Neste clima de revelações artísticas realizou-se o III Fecapi, também no Cine Ipanema, que teve a música "Ínfimo", dos irmãos Pascoal, em primeiro lugar.

Em 1973, no IV Fecapi, a música "Sou aquele da história do cara sentado na areia da praia", de Carlos Guerso, ficou com o primeiro lugar.


Fonte: Coluna “IPATINGA Cidade Jardim - 50 ANOS” – Diário do Aço – 25 agosto 2013


VÍDEO: Cultura no Ar 2009- Músicos Arcanjo e Paulinho Pascoal